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. O ENCONTRO DE GERAÇÕES NO TRABALHO

Julia Ades

No fim de 2023, ajudamos a Flash a compreender como se dava o engajamento de diferentes perfis de pessoas no ambiente corporativo (se você ainda não viu, vem ver aqui) - a investigação ajudou a dar vida ao Engaja S/A - o primeiro Índice de Engajamento Corporativo do Brasil. Desde então, temos estudado e nos atentado cada vez mais para o tema.


Um dos pontos principais quando pensamos no ambiente corporativo é saber que foi há apenas cerca de cinco anos que os empregadores observaram que 4 gerações estavam, pela primeira vez, ativamente trabalhando juntas no mesmo ambiente - pessoas de 18 anos ingressando, os de 65 ou mais já ativos há um bom tempo e assim vai.  Um cenário que potencializa desafios e levanta reflexões.

Pensando nisso, como é possível equilibrar as estratégias de contratação, as decisões sobre benefícios e a cultura do local de trabalho de forma que as diferentes gerações possam ser acolhidas e acomodadas?


Achamos que o primeiro passo é começar a entender melhor quem é quem. Claro que isso é pauta para um estudo profundo - mas, aqui, agora, vamos rapidamente nos contextualizar:



Baby Boomers (1940-1960) | Estabilidade

São idealistas e foram influentes na promoção de mudanças nos papéis de gênero e na luta pelos direitos das mulheres. São pessoas com ampla variedade de experiências de vida e gostam de serem reconhecidos pela sua experiência. A estabilidade no trabalho é essencial.


Geração X (1965-1980) | Adaptabilidade

Cresceram em uma época de mudanças significativas na sociedade e tecnologia e tiveram que se adaptar a tudo isso. Foram também os primeiros a elevar a consciência sobre questões ambientais e testemunharam o início do movimento ambientalista. Viram de perto a influência significativa da cultura pop (alô, MTV). No fim, são pessoas com maior facilidade de se adaptar, mas têm dificuldade em lidar com imediatismo e impulsividade.


Millennials (1981-1996) | Criticidade

Uma geração que fundou o movimento de mídia social - nasceram diretamente em uma nova era de tecnologia e viram, de perto, os impactos disso. Inclusive, é uma geração móvel que busca, por exemplo, a mobilidade geográfica. Além disso, se conectam com o senso de colaboração e buscam ambientes com esse clima. Os millennials já representam a maioria da população brasileira e 50% da força de trabalho e é a geração mais crítica com o ambiente corporativo: segundo o Engaja/S/A, 61% dos profissionais com até 42 anos ou não estão engajados ou estão ativamente desengajados.


Geração Z (1997-2010) | Desapego

Já cresceram com a internet, smartphones e outras tecnologias digitais - são extremamente familiarizados com dispositivos eletrônicos e mídias sociais. Muitos querem empreender e têm expectativas por respostas e soluções rápidas - inclusive, não são muito apegados e têm facilidade para mudar. São ágeis, engajados e preocupados com o futuro do planeta e buscam se conectar com ambientes que estejam alinhados com seus valores e que contribuam para algum propósito.



Se formos parar para pensar, temos características que, em teoria, podem ser consideradas opostas dentro do ambiente corporativo. A busca pela estabilidade de um, o desapego de outro. Uns são mais críticos, outros se adaptam com facilidade. Desafiador, mas isso não quer dizer que as gerações são incompatíveis quando o tema é trabalho -  inclusive, pensar nas conexões entre uma e outra geração é um caminho para elaborar o tema de forma construtiva.


Sabiam que os Baby Boomers e Geração Z são as mais engajadas, buscam, principalmente, flexibilidade e ficam desmotivadas, prioritariamente, com a falta de clareza nas responsabilidades e planos de carreira? Assim como Millennials e Geração Z buscam, prioritariamente, um salário competitivo e sentem-se muito desmotivados com a falta de clareza e honestidade em relação a salários e desenvolvimento dentro da empresa.


Por outro lado, o desenvolvimento de relações interpessoais de diferentes gerações no ambiente corporativo coopera para a troca de experiências, criando um ambiente de trabalho mais dinâmico. Todos eles querem boas relações com os colegas do ambiente corporativo.


Conforme vamos nos aprofundando no tema, vemos que há muitos pontos conectores das gerações - não só os que, teoricamente, separam uma da outra.


Se houver, por parte dos ambientes corporativos, vontade e curiosidade genuínas de conhecer melhor cada geração e os seres humanos que fazem parte delas, é possível elaborar estratégias de trabalho que considerem suas peculiaridades mas que também possam aproximá-las. Alocar e realocar equipes (e gerações) é importante, assim como tentar potencializar o que cada uma tem de melhor.


Como, sabiamente, nos disse Maria José Tonelli, professora titular da FGV, durante o campo para o Engaja S/A: "Tem um ditado que eu gosto muito: incendiário aos 20, bombeiro aos 40.

Esse incêndio todo, o questionamento dos mais jovens, tem que ser ouvido, né? O que está sendo dito? Agora, por outro lado, os mais velhos já passaram por um monte de coisa e tem aí algumas experiências a ensinar. Como a gente pode aprender com o que tem de bom dos dois lados?"

As gerações no ambiente corporativo não deveriam ser um problema - mas, sim, uma oportunidade de colaboração e complementaridade. No fim das contas, talvez um começo para isso tudo seja observar as lentes com as quais olhamos para o tema - que podem ser, digamos, um pouco menos homogêneas . . .







Fontes:  Engaja S/A (FGV & Flash; 2023) | Millennials, Unravelling the Habits of Generation Y in Brazil (Itaú BBA) | Estudo das Gerações (Robert Half) Crédito da foto: John Moeses Bauan



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