MINI DOC
A partir de Entrevistas em Profundidade realizadas no nordeste, sudeste e sul do país, esse mini documentário retrata como diferentes torcedores (muito) apaixonados pela Seleção Brasileira se relacionam com a Copa do Mundo.
Spoiler: torcer é, também, sobre emoções.
Aperta o play e sente junto.
É uma parceria APOEMA & Bezerra Filmes.
RELATÓRIO DO ESTUDO
O relatório do estudo é fruto da análise de toda a investigação
sobre os torcedores apaixonados pela Seleção Brasileira e Copa do mundo - além das Entrevistas em Profundidade, contempla a análise sócio histórica sobre o tema e percepções de mais de 1.000 respondentes de Survey Online do território nacional.
Spoiler: a relação com o futebol, Seleção Brasileira e Copa do Mundo não é de hoje e revela signos profundos sobre nós mesmos. Tem muita coisa legal para aprender sobre o tema.
ANÁLISE SÓCIO HISTÓRICA
E PESQUISAS DE HISTÓRIA
Para embasar nosso estudo, contamos com uma análise sócio histórica do futebol e Copa do Mundo no Brasil e no mundo. Tem muita coisa legal e, além de ter acesso aos dados contemplados no nosso report, você pode baixar o material completo desenvolvido pela Raiz Projetos e Pesquisas de História.
PESQUISA QUANTITATIVA MINDMINERS
Junto à MindMiners, realizamos uma investigação quantitativa em todo o Brasil sobre a relação de diferentes torcedores com a Copa do Mundo.
Além dos dados contemplados no nosso report, a partir de meados de agosto, você poderá ter acesso à coleta completa da MindMiners:
MEMÓRIAS DA COPA
PELOS TORCEDORES
LINHA DO TEMPO
COPA DO MUNDO
A conexão entre torcedor e Copa do Mundo não é de hoje - tem muita coisa por trás disso. Aqui, selecionamos alguns dos momentos mais relevantes da história da Copa do Mundo para que você possa navegar por essa trajetória junto com a gente.
COMEÇO DO
SÉCULO XIX
O Futebol chega ao Brasil.
Através dos filhos das classes altas que voltavam de seus intercâmbios na Inglaterra com esta prática esportiva aprendida. Foi este inclusive o caso de Charles Miller que, ao voltar de seu intercâmbio em 1894, trouxe duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol, uma bomba de encher bolas e uniformes. Imagem: Charles Miller
FINAL DO
SÉCULO XX
A Fifa foi fundada e as competições mundiais foram organizadas.
Em paralelo às modalidade das elites, entretenimento fino praticado pelos associados dentro dos clubes, o futebol brasileiro foi se tornando cada vez mais popular, mobilizando multidões. De pés descalços, usando bolas feitas de bexiga de boi e campos de terra batida, negros, operários e brancos pobres se divertiam e jogavam bola. Internacionalmente, no mundo do futebol, foi em 21 de maio de 1904 que foi fundada a Fédération Internationale de Foolball Association, a FIFA! Foi quando as federações da França, Bélgica, Suíça, Suécia, Espanha, Holanda e Dinamarca juntaram-se para organizar competições mundiais de futebol. Nesta época, o campeão olímpico era considerado o campeão mundial de futebol. Imagem: Cartaz da Olimpíada de Londres, em 1908, quando o futebol foi disputado pela primeira vez internacionalmente.
1914
A Seleção Brasileira foi formada pela primeira vez.
Os melhores jogadores do Rio de Janeiro e de São Paulo foram convocados para disputar um amistoso com o Exeter City F. C., clube de profissionais da 3a divisão da Inglaterra. Imagem: No dia 21 de julho de 1914, cinco mil pessoas lotaram o Campo da Rua Guanabara (atual Estádio das Laranjeiras), para assistir a seleção brasileira jogar contra os ingleses do Exeter City.
1930
Acontecia a 1° Copa do Mundo: aglomeração para ouvir os jogos pelo alto falante da redação do jornal.
Desde a primeira edição, realizada no Uruguai, a Copa do Mundo mobilizava multidões de torcedores (que faziam muuuito barulho) dentro dos estádios. Na final, havia 93 mil torcedores no Estádio Centenário. Aqui no Brasil, acompanhar o Mundial era difícil. A equipe do Estado de Minas recebia por telefone da sucursal do Rio de Janeiro a descrição das jogadas e re-narrava em um alto falante para os torcedores aglomerados na frente da redação. Cerca de 3 mil pessoas se posicionaram em frente à sede do jornal para ouvir a estreia da Seleção Brasileira, que perdeu para os iugoslavos por 2 a 1, no Parque Central. Imagem: Cartaz da Primeira Copa do Mundo de Futebol ocorrida no Uruguai, em 1930.
1938
A 1ª Copa do Mundo com transmissão ao vivo pelo rádio e multidões de torcedores para acompanhar.
Este foi o primeiro Mundial com transmissões ao vivo pelo rádio e o brasileiro acompanhou cada passo da Seleção em tempo real. Até então, os jogos dos mundiais foram cobertos para o Brasil exclusivamente pelos jornais impressos. Verdadeiras multidões se concentravam nas ruas, nas praças e nos estádios de futebol para escutar juntos a transmissão dos jogos que se davam por alto-falantes. Mesmo com muitos chiados e imperfeições, as locuções atingiam o público que ficava em estado de comoção e comemorava pelas ruas da cidade a cada vitória. Imagem: Torcedores aglomerados na frente dos alto-falantes instalados na fachada da loja Eclética em São Paulo.
1950
Inauguração do Maracanã com frustração e a maior das multidões.
Com esperança e entusiasmo seguidos de frustração e tristeza para o futebol nacional: a derrota por 2X1 para o Uruguai na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã, construído especialmente para sediar o primeiro Mundial no Brasil, está ainda hoje na memória dos brasileiros. Carnaval e cantoria foram sendo substituídos durante do jogo. Primeiro pelo silêncio após o gol de empate do Uruguai, depois pelo choro baixo, seguido de choro copioso da massa de torcedores entristecidos que descia as rampas do Maracanã. O Maracanaço contou com o maior público de todas as partidas de todas as Copas: 199.854 pessoas dentro do estádio.
" O que foi realmente inesquecível foi o silêncio. 200 mil pessoas saindo em total silêncio. Foi a comemoração de gol mais muda que já vi na minha vida. Sem dúvida o silêncio foi o que mais me marcou naquele jogo. Teve um silêncio menor, empate. Era impensável aquilo. " Jô Soares
1954
Assistir aos jogos da Copa do Mundo ficava cada vez melhor: novas possibilidades para os torcedores europeus e brasileiros.
Pela primeira vez, o Mundial foi televisionado para o continente europeu. No Brasil, havia o costume de ouvir a locução pelo rádio enquanto se "assistia" a uma imagem estática da Seleção Brasileira na tela. Quase um mês depois da realização dos jogos, as imagens em movimento eram acompanhadas de análises de comentaristas e transmitidas nos cinemas pelo Canal 100 (cinejornal esportivo) antes dos filmes. Imagem: Fotografia do Ex-Presidente Marechal Eurico Dutra acompanhando, pelo rádio, a transmissão do jogo da final. Em cima do rádio, uma imagem estática da Seleção.
Música tema Canal 100 - Waldir Calmon - Na Cadencia do Samba (Que Bonito É)
1958
Produção de craques e torcedores apaixonados pela Seleção Brasileira.
Ao longo da década, o projeto desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi implementado. O slogan do novo governo era "50 anos em 5" e a meta era trazer rapidamente o desenvolvimento econômico e social ao país. A mentalidade desenvolvimentista refletiu na produção de craques: a seleção de 1958, por exemplo, revelou Pelé e Garrincha. Todo brasileiro era torcedor fanático na Copa do Mundo de 1958. As comemorações no Brasil foram um verdadeiro carnaval: a bandeira nacional estava por todas as partes, os balões verdes e amarelos foram inflados pelas ruas, desfiles e cortejos, chuva de papel, trânsito parado, fogos de artifício e até tiros de canhão. Imagem: Torcedores comemorando o Campeonato Mundial em 1958.
1962
O Futebol Arte e a conexão dos torcedores através de imagens em revista.
O Brasil disputou a Copa do Mundo do Chile e foi bicampeão mundial num feito mais uma vez acompanhado pelo rádio, com as imagens dos jogos chegando dias depois ao cinema. A Seleção Brasileira encantava o torcedor com o futebol arte: jogo inovador e criativo que refletia o talento individual no conjunto composto pelo time todo. Uma das novidades para a torcida brasileira era a crônica escrita de dentro do estádio. A revista Fatos & Fotos, por exemplo, passou a enviar seus cronistas e fotógrafos para acompanhar os jogos e seus bastidores, registrando as sequências das jogadas que resultavam em gols. Mesmo que com atraso, as imagens e os textos eram recebidos com empolgação pelos leitores, intensificando a sua relação com o espetáculo acontecido. Até então, acompanhar a Copa exigia do torcedor um esforço de imaginação na composição das imagens.
1970
O show da Seleção foi visto, pela primeira vez, na TV colorida
A Copa de 1970 foi o primeiro evento a ser transmitido ao vivo e em cores pela televisão brasileira. Essa notícia provocou uma corrida às lojas de eletrodomésticos, que venderam milhares de aparelhos nos meses que antecederam o evento. Para o restante da população, restava acompanhar as partidas em televisores preto e branco nas suas casas ou nos diversos aparelhos que eram colocados em lojas e alguns poucos comércios espalhados pelas cidades. Imagem: Televisão a cores da Embratel mostra o jogo ao Presidente Garrastazu Medici.
Música "Pra frente Brasil" composta pelo publicitário Miguel Gustavo, vencedora do concurso da Rede Globo para a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do México em 1970
1982
O Brasil não foi campeão, mas as aglomerações tinham cada vez mais força.
São Paulo contou com três televisores coloridos e cinco dançarinas "de perna de fora para atrair público". A multidão, com batucadas e gritos pelos lances do jogo, acabou por encobrir o som dos alto-falantes. Em São Paulo, na Praça da República, uma multidão acompanhou o trio elétrico que seguiu até o metrô Sé, onde foi colocado um telão para exibir o jogo. Em Salvador, a partida foi acompanhada de trios elétricos e milhares de pessoas - quando a partida terminou, outras tantas saíram às ruas colorindo-as de verde e amarelo. Em Brasília, a vitória promoveu o maior carnaval de rua já visto pelos brasilienses nos últimos anos. A derrota da Seleção Brasileira foi mais uma das muitas frustrações dos brasileiros naquele ano. Saímos sem o tetra e sem eleições diretas, que só iriam ocorrer no final da década. Imagem: Torcedores aglomerados na praça Ramos de Azevedo, em SP, para assistir Brasil x União Soviética
1994
“É Teeeeeeeeeetra!”
Depois de quase ficar de fora da Copa de 1994, o Brasil só se classificou no último jogo depois da convocação de Romário. Assim, a seleção chegou ao Mundial nos EUA cercada por desconfiança. Para quem assistia o jogo pela televisão, a vitória da Seleção ficou marcada pra sempre na memória afetiva pelo grito de “Acabou! Acabou! É teeeetra, é teeeetra” de Galvão Bueno na TV Globo e também pela música Coração Verde e Amarelo usada antes das transmissões. O jogo final contra os italianos foi o primeiro da história das Copas a ser decidido nos pênaltis.
É Teeeeeetra! Narração de Galvão Bueno que ficou marcada na história
2002
Copa do Mundo no Japão e brasileiros acompanhando os jogos de madrugada.
Havia a preocupação de que os brasileiros não fossem acompanhar a Copa com o mesmo entusiasmo das edições anteriores, mas não foi o que aconteceu. Grande parte das pessoas preferiu assistir aos jogos em casa; algumas se reuniram para tomar café da manhã em padarias e acompanhar os jogos do Brasil e houve, inclusive, os que começaram a concentração na noite anterior em baladas de SP e RJ. Foi na Copa de 2002 que surgiram as primeiras Fan Fests (eram chamadas de Fan Zone) organizadas pela FIFA, que trouxeram uma nova forma de assistir e viver o jogo: longe dos estádios (algo impensável até então). E foi do outro lado do mundo que o Brasil foi pentacampeão. O clima de festa se espalhou por todo o país. Imagem: Torcedores aderindo a moda do cabelo estilo "Cascão", criada por Ronaldo Fenômeno na copa de 2022.
2010
As redes sociais viravam tradição e interação no acompanhamento dos jogos.
A Copa do Mundo de 2010 acontecia pela primeira vez em um país africano e, nesse período, a segunda tela (um olho no jogo e outro nas redes sociais) serviu para que o torcedor se manifestasse em tempo real (principalmente no Twitter, Orkut e no Facebook) sobre cada lance do jogo, criticasse técnicos, juÍzes e jogadores, comemorasse os gols. Além disso, as redes sociais tornaram-se um canal de interação entre torcedores de qualquer parte do mundo e também entre torcedores e jogadores, possibilitando às pessoas comuns o contato com a vida cotidiana dos seus ídolos e suas opiniões sobre temas diversos. Imagem: Joanesburgo; Vuvuzelas
2014
Reivindicações, CarnaCopa e o inesquecível 7x1
Em 2013, uma série de mobilizações de massa ocorridas em várias cidades do Brasil, reclamavam, entre outras coisas, dos gastos com os megaeventos esportivos que viriam a seguir: a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, ambos a serem sediados no país. Os gritos de Não vai ter Copa e FIFA Go Home eram ouvidos junto das outras reivindicações Mas a Copa do Mundo aconteceu e a festa era generalizada: além das FIFA Fans Fests, as cidades-sede viveram o que ficou popularmente conhecido como Carnacopa: gringos e brasileiros ocuparam as ruas com música, bebida alcóolica e paquera. Nesse ano, o Brasil teve um grande balde de água fria: o 7x1 da Alemanha, na semifinal do Mundial e em casa. A maior derrota da história da Seleção Brasileira; a maior derrota que um anfitrião já sofreu em uma Copa do Mundo. Imagem: Gaúcho da Copa no dia do jogo em que o Brasil perdeu da Alemanha por 7x1.
O 7x1 ainda bateu o recorde de jogo mais comentado no Twitter de todas as Copas, com 35 milhões e 600 mil tweets.
Uma produção infinita de memes.
2018
Tecnologia como mediação de torcida e apropriação política do verde e amarelo.
A principal novidade e uma das maiores atrações da Copa do Mundo da Rússia foi a utilização do VAR, que alterou decisões do árbitro de campo em 17 oportunidades. Para o Movimento Verde Amarelo, também foi um ano marcante: o primeiro que, através da criação de grupos de torcida via WhatsApp, o MVA impulsionou seu alcance e união. Somado a isso, foi um momento de polarização política em que a relação com a camisa do Brasil - utilizada como símbolo do governo Bolsonaro - afetou o torcedor brasileiro.
2022
Há mais de dois anos o mundo vive um cenário pandêmico pelo COVID-19.
No Brasil, é ano de uma das eleições mais polêmicas da história do país e de Copa do Mundo. Além disso, a relação do brasileiro com a camisa do Brasil e Seleção Brasileira sofreu grandes impactos nos últimos tempos.
Mas chega o momento de escrever mais um capítulo da história do Brasil na Copa do Mundo. E se tem algo que os torcedores apaixonados nos ensinaram é que a Seleção Brasileira precisa da gente para fazer acontecer.
Por isso, apesar de tudo que estamos vivendo, encerramos essa timeline com esperança e desejos de vitória e conquista para o nosso país.
Afinal,
QUEM TORCE TAMBÉM JOGA
Tudo isso só aconteceu porque torcemos e jogamos com um time de craques
APOEMA
fomos responsáveis por idealizar, desenvolver e coordenar o estudo.
Helena Dias
Julia Ades
Millena Cunha
Raiz Projetos e Pesquisa de História
foi responsável por desenvolver a análise sócio histórica do estudo.
Carolina Kuk
Luiz Filipe Correia
MindMiners
foi responsável pela etapa quantitativa do estudo.
Beatriz Menezes
Flavia Rodrigues
Juliana Tranjan
Miguel Vills
Danielle Almeida
Bezerra Filmes
foi responsável pelas captações presenciais, edição e finalização do documentário.
Gabriel Pignataro
Cyro Barros
Hamilton Mathias
Larissa Mello
Amanda Justiniano
foi responsável pelo design gráfico dessa landing page.
Movimento Verde e Amarelo
foram grandes parceiros, que nos ajudaram com muitas informações, materiais, indicações, histórias e inspirações (e despertaram, ainda mais, nossa vontade de torcer).
Luiz Vasco
Tomer Savoia